terça-feira, 26 de junho de 2012


Apagaram as luzes pra você

E acenderam os pavios das velas.

Alguém chorou

E tentou se despedir

Mas não conseguiu

Porque você já não ouviu.

Algum estálido de voz se permitiu ouvir

Não os seus ouvidos, mas o do anjo.

Havia flores.

Havia branco em todas as partes.

Havia o choro e o balanço da dor.

Um balé da morte que engana,

Que faz descrer,

Que dança as almas 

Comparando-as a fitilhos leves

Ao vento silvestre e arisco.

Você se foi com um sorriso preso

E algumas palavras engasgadas

Talvez até um " eu te amo",

Tão inglório quanto sua incerteza do estar.

A passos tristes deixou um caminho cheio

Haverá quem te sinta sempre, num sonho

Num retrato velho,

Num livro...

Haverá de ser esquecido também,

É o fechamento do ciclo

E do baú de suas lembranças.

É a sua ida, e de sua essencia.

O lacre de seu túmulo 

Fechou as esperanças da longitude vital

Cessou alguns sorrisos

E abriu a fonte lacrimal.

Calou as vozes com seu mar de silêncio.

Um adeus, amigo. Um breve adeus.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

 
Viole meu corpo como quando violas as cordas 
Que enforcam o pescoço de teu violão.
E a cada toque, gritarei a pestana da dor
Ou a nota do amor, se sentir 
Teus dedos em meu braço marcado.
E se te sentir dedilhando-me sem dó.
Chorando as notas tristes do fogo invernal.
Toque-me inquietantemente.
Toque-me e ame o que sou.
Sua música, seu vício, seu tilintar pélpebro.
Ame -me porque sou o que é seu.
Toda sua. Em lágrima, suor e dor.

terça-feira, 19 de junho de 2012



Enquanto a chuva bate em gotas grossas na janela,

Entonando uma canção gutural,

Vejo sua silhueta na penumbra da luminária

De luz rarefeita sobre a cortina.


Seu balé viril desenlaça-se sobre o vento

Como uma dança de acasalamento

Que me chama para contemplar o cântico do prazer.

Em notas de músicas tristes e dançantes.


Seus lábios sussurram meu nome

Num tom que não posso ouvir nitidamente

Só pequenos sopros que arrepiam.


E seus olhos vidram em meu colo

Como se nele pudesse ser encontrada

A chave de todo o conhecimento.


Uma tatuagem se move dos meus pés

Até a minha boca, sinuosa, excitante, e bela

Dançante como meus fios.


Sua mão procura em meu corpo o conforto do amor

Achando por fim, em meu seio esquerdo

O palpitar de sua segurança pueril. Um amor.